As tecnologias gerando transformações sociais e subjectivas

A tecnologia invadiu as casas, empresas, instituições de todos os tipos e a sociedade como um todo está se tornando informatizada. Os recursos da imprensa, rádio, TV, telefone, fax, vídeo, computador e Internet são disseminadores de culturas, valores e padrões sociais de comportamento. Cada vez mais o ser humano cria dependência dos recursos eletrónicos, que passam a coexistir no dia a dia de todos. Com isso as mudanças transparecem nas diversas dimensões de viver na sociedade tecnologizada. Esses artefactos fazem com que a comunicação seja intermediada pela máquina e não pela voz humana. Com a sofisticação dos recursos da tecnologia torna-se maior a amplitude de acesso à informação, assim como a qualidade de veiculação e recepção se mostra em diferentes níveis de media. O acesso fácil e rápido, quase que instantâneo, à informação relativiza a questão do tempo e do espaço. As informações infiltram-se por todos os lados, quase que não precisamos ir atrás delas, pois elas passam a se apresentar a nós exaustivamente, intervindo nas nossas relações e comportamentos. O ambiente familiar, antes convergente e constituído em volta das figuras da mãe e do pai, fica diluído entre os mitos eletrónicos que são endeusados e assumem a tutoria da infância.
Nossas concepções de mundo estão sendo delineadas pelas informações que recebemos por meio das medias electrónicas. Uma fábrica de sonhos e emoções que invadem a vida dos indivíduos, conformando subjetividades, interiorizando comportamentos-modelo da sociedade, actuando no inconsciente do sujeito espectador que capta as mensagens dentro dessa visão que é uma versão do mundo fragmentada e filtrada pela tela.
Para Lomas, a media age sob a informação textual, verbal e das imagens para persuadir e manipular o espectador com a intenção de “fazer saber, fazer crer, fazer parecer verdade, fazer sentir” (2001: 149).
Na sociedade contemporânea a socialização incorpora as relações produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si mediadas pelas tecnologias da comunicação e informação.
A media e a publicidade focam perspectivas da realidade intervindo na construção de identidade, culturas e relações pessoais. Há uma emergente necessidade de preparar cidadãos que saibam ler, interpretar, analisar criticamente as informações recebidas e seleccionar as significativas para si e para o uso colectivo. A população de um modo geral está carente de recursos técnicos e educacionais para enfrentar e lidar com um futuro que caminha na ambiguidade do local e global, do espaço físico e virtual.
A geração nascida no universo de ícones, imagens, botões e teclas transita na operacionalização com desenvoltura na cena visionária de quase ficção científica, mas outra, nascida em tempos de relativa estabilidade, convive de forma conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas, cuja progressão é geométrica.
O analfabeto do futuro será o indivíduo que não souber decifrar a nova linguagem gerada pelos meios de comunicação (Pretto, 1996). A nova geração é introduzida nesse universo desde o nascimento e por isso sua intimidade com os meios electrónicos ocorre numa relação de identificação e fascinação.

Por outro lado, a geração de idosos de hoje tem revelado suas dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões mais básicas como os electrodomésticos, celulares, caixas eletrónicos instalados nos bancos. Consequentemente, aumenta o número de idosos iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade.

Esse novo universo de relações, comunicações e trânsito de informações pode se tornar mais um elemento de exclusão para o idoso, tirando-lhe a oportunidade de participar do presente, marginalizando-o e exilando-o no tempo da geração anterior, relegando à função social de memória, de passado. Para inserir-se na sociedade tecnologizada precisa ter acesso à linguagem da Informática, dispondo dela para liberar-se do fardo de ser visto como um velho ultrapassado e descontextualizado do mundo actual.

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